Força tarefa da PF investiga esquema que teria desviado quase R$ 5 milhões do IFMT

Ao todo, foram expedidos 12 mandados judiciais, em Cuiabá e Campo Novo do Parecis, contra os suspeitos de envolvimento com o grupo criminoso

Uma operação que investiga esquema de desvio de recursos públicos federais do Instituto Federal de Ciência e Tecnologia de Mato Grosso (IFMT) em Campo Novo do Parecis, a 397 km de Cuiabá, é realizada nesta quarta-feira (21) pela Polícia Federal, a Controladoria-Geral da União (CGU) e o Ministério Público Federal (MPF).

A operação ‘Circumitus’ mira em um esquema criminoso com indicativos de fraudes e desvio de recursos públicos no instituto nas áreas da educação e infraestrutura. O montante dos recursos envolvidos é de aproximadamente R$ 4,8 milhões.

O IFMT não se posicionou sobre a operação.

Os agentes devem cumprir 12 mandados de busca e apreensão em residências, sedes de empresas e órgão público, sendo no município de Cuiabá (5 mandados) e Campo Novo do Parecis (7 mandados). Além disso, a justiça decretou o sequestro de valores de dois investigados.

As investigações tiveram início a partir de trabalhos internos da CGU que identificaram pagamentos de notas fiscais de possível fornecimento de gêneros alimentícios no mês de janeiro de 2020 para alimentação escolar, sendo que neste período os alunos estavam em período de férias escolares.

No decorrer das investigações foi possível constatar que os referidos gêneros alimentícios não foram entregues pelas empresas contratadas, porém foram pagos integralmente. Somente nesta ocasião foram desviados cerca de R$ 127 mil.

Diante dos fatos, a CGU iniciou trabalho de auditoria em outros pagamentos e identificou indícios de irregularidade também em um contrato de manutenção preventiva da infraestrutura do campus.

Outros elementos informativos evidenciaram as referidas irregularidades procedimentais em relação a contratos para obras de engenharia.

Servidores públicos estariam exercendo pressão sobre responsáveis pela fiscalização de contratos para liquidação e pagamento de notas fiscais, muitas vezes sem que se verificassem a execução completa do respectivo serviço ou fornecimento de material.

A operação tem por objetivo subsidiar trabalhos de investigação relacionados às fraudes na execução de programas do Governo Federal, com vistas a apurar a responsabilidade das pessoas físicas e jurídicas envolvidas.

Dentre as irregularidades investigadas estão: indícios de fraude na entrega de gêneros alimentícios da alimentação escolar, pagamento de notas fiscais em duplicidade, indícios de fraude na execução de manutenção preventiva da infraestrutura do campus, dispensas ilegais de licitações, dentre outras

Para a PF, há indícios dos seguintes crimes: peculato, corrupção ativa e passiva, dispensa ilegal de licitação, fraude em licitação mediante entrega de mercadoria diversa e/ou alterando a quantidade, lavagem de dinheiro e associação criminosa.

Impacto Social

As irregularidades praticadas com recursos vinculados à alimentação escolar e à infraestrutura das acomodações de salas de aulas, laboratórios, dentre outras, têm potencial impacto, quantitativa e qualitativamente, na prestação de serviços de educação à população, principalmente a de baixa renda, que muitas vezes tem na “merenda escolar” sua única fonte de alimentação diária.

Assim, fraudes influenciam negativamente os resultados das ações governamentais e levam à degradação dos indicadores sociais.

Segundo dados divulgados pelo IFMT, havia, em 2015, aproximadamente 750 alunos matriculados no Campus de Campo Novo do Parecis.

Portanto, desvios em área tão estratégica, como é a educação, têm a capacidade de afetar diretamente o desenvolvimento de jovens, com consequências que podem ser sentidas por toda a sociedade.

A palavra Circumitus vem do latim e significa “desvio”, “dar a volta”, “seguir outro caminho”.

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