Juíza recebe denúncia do MPE; empresário e esposa viram réus
Marcelo e Gabi Cestari vão responder por homicídio culposo e outros 3 crimes
A juíza Maria Rosi de Meira Borba, da 8ª Vara Criminal de Cuiabá, recebeu a denúncia do Ministério Público Estadual (MPE) contra o empresário Marcelo Cestari e sua esposa Gaby Soares de Oliveira Cestari, pais da adolescente que atirou e matou a amiga Isabele Guimarães Ramos, em julho, em Cuiabá.
A decisão é desta segunda-feira (16). A informação foi confirmada pela assessoria de imprensa do Tribunal de Justiça. O caso está em segredo de Justiça.
Agora, o casal passa a ser réu pelos crimes de homicídio culposo, entrega de arma de fogo a menor, fraude processual e corrupção de menores. Marcelo Cestari ainda vai responder sozinho por posse ilegal de arma de fogo.
Na denúncia, o promotor Milton Pereira Merquiades relata que houve clara negligência do casal no caso, destacando que eles permitiram que a filha tivesse acesso à arma disparada e também a outros armamentos que estavam na casa naquele dia.
“Com efeito, os denunciados, como pais, tendo o dever de cuidado, proteção e vigilância dos seus filhos, foram extremamente desidiosos e omitiram-se nos seus relevantes papéis legais, em especial, da menor (…), ao não impedir seu acesso as armas de fogo, culminando com esta desferindo, seja culposamente ou não, um disparo fatal em face da vítima menor Isabele”, afirmou o promotor.
Além disso, Merquiades destacou que o empresário e a esposa tentaram modificar parte da cena do crime.
“Observa-se dos autos que, após ocorrido o evento fatídico em face da menor vítima Isabele, uma equipe do Samu foi acionada, sendo que, no momento em que adentraram à residência, perceberam que a denunciada Gaby estaria recolhendo vários apetrechos de manutenção de arma de fogo, os quais encontravam-se sob uma mesa na sala da residência”, disse o promotor.
O caso
O caso aconteceu no dia 12 de julho no Condomínio Alphaville, na Capital.
Isabele foi atingida com um tiro no rosto, por uma arma que estava sendo segurada pela amiga da mesma idade.
A perícia de necropsia, produzida pelo Instituto de Medicina Legal (IML), apontou que o disparo foi realizado no rosto da adolescente, a curta distância, e causou traumatismo crânio-encefálico.
À Polícia, a adolescente que atirou disse que foi em busca da amiga no banheiro do seu quarto levando em mãos duas armas.
Em determinado momento, as armas, que estavam em um case, caíram no chão. “A declarante abaixou para pegar os objetos, tendo empunhado uma das armas com a mão direita e equilibrado a outra com a mão esquerda em cima do case que estava aberto”, revelou a menor em depoimento.
“Que em decorrência disso, sentiu um certo desequilíbrio ao segurar o case com uma mão, ainda contendo uma arma, e a outra arma na mão direita, gerando o reflexo de colocar uma arma sobre a outra, buscando estabilidade, já em pé. Neste momento houve o disparo”, acrescentou.