Menores infratoras denunciam servidoras do Complexo do Pomeri

Adolescentes internadas no Lar Menina Moça, no Complexo Pomeri, em Cuiabá, acusaram servidoras do local de falhas funcionais. Entre as acusações, está comer alimentos – proibidos para as internass – na frente delas, de forma a “provocá-las” e mexer em aparelhos de telefone.

 

As acusações constam em um Relatório de Diligência realizado pela Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp) em abril deste ano.

 

A investigação foi anexada em agosto a uma ação que tramita na 7ª Vara Criminal de Cuiabá sobre supostos abusos cometidos contra a adolescente apontada como autora do tiro que matou a amiga Isabele Ramos Guimarães, de 14 anos.

 

Agora, o Ministério Público do Estado (MPE) abriu uma investigação para apurar as supostas irregularidades.

 

Segundo as internas, as servidoras pedem comidas como açaí, pizza, fast food, e comem na frente das meninas. Uma delas apontou que sente que o ato é no sentido de “provocá-las”.

 

“Entre eles […] que fazem pedido de ‘delivery’ e entrega de produtos de farmácia e alimentação externa. Há também a confirmação de que de fato consomem as alimentação próximo das adolescentes”, consta em trecho do documento.

 

As adolescentes ainda apontaram que as marmitas oferecidas a elas tem “gosto de estragada” e às vezes chegam a guardar bolacha de água e sal para substituir o almoço.

 

As meninas ainda relataram que alguns servidores ainda fazem uso do celular na frente delas. A conduta é proibida dentro do Complexo Pomeri, ficando restrito a apenas o uso do celular profissional e em casos de necessidades.

 

Veja trecho de um dos depoimentos:

 

 

Conduta vedada

 

O documento é assinado pelo membro da Unidade de Correição do Sistema Socioeducativo Antônio José dos Santos.

 

Ele apontou que o recebimento de comida por meio de delivery diariamente “fragiliza a segurança local, visto que a presença de terceiros entregando produtos, fragiliza o esquema de segurança da Unidade que deveria ter segurança tal como um ‘presídio’ e resguardar a integridade das adolescente em conflito com a lei”.

 

Apesar das servidoras não dividirem a comida com as adolescentes, que está proibido pelas regras da unidade, a “atitude é vedada, uma vez que o case feminino tem refeitórios e locais adequados para alimentação”.

 

O relatório ainda apontou que, com relação ao ingresso de telefones celulares na unidade, as servidoras incorrem em desobediência as normas do Plano de Segurança Socioeducativa do Estado.

 

E ainda apontou que podem incorrer no ilícito do Código Penal Brasil que trata sobre a ingressar em estabelecimento prisional com aparelhos de telefone. A pena e de detenção de três meses a um ano.

 

Tragédia no Alphaville

 

Isabele Guimaraes Ramos foi morta com um tiro no rosto no dia 12 de julho de 2020, no Condomínio Alphaville.

 

A tragédia aconteceu quando o pai da atiradora, o empresário Marcelo Cestari, pediu que a filha guardasse uma arma que foi trazida pelo genro, de 17 anos, no quarto principal no andar de cima.

 

No caminho, porém, a garota desviou e seguiu em direção ao banheiro de seu quarto, ainda carregando a arma. Lá, ela encontrou Isabele, que acabou sendo atingida pelo disparo da arma.

 

A Politec apontou que a adolescente estava com a arma apontada para o rosto da vítima, entre 20 a 30 centímetros de distância, e a 1,44 m de altura.

 

A adolescente foi sentenciada pela da juíza Cristiane Padim, da 2ª Vara Especializada da Infância e Juventude de Cuiabá, em janeiro deste ano a uma pena de até 3 anos de internação, conforme o Estatuto da Criança e do Adolescente.

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