Histórias de Leverger: “O invisível”

Na nossa Leverger de Antigamente, lá pelos anos 60, tinha bem em frente ao campo de futebol, uma venda de um tio-avô meu , irmão da minha avó Donana , o Tio Manuel Júlio Pedroso , o primeiro filho do casal, Bisavó Davina e do Bisavô Manoel Venâncio.

Tio Maneco era assim chamado por todos em Leverger, mas, alguns diziam “Manecão”, só que pelas costas, ninguém dizia na sua frente, pois ele não gostava de ser assim chamado, se irritava muito.

Sua venda funcionava na sala da frente de sua casa, ali tinha um balcão grande de madeira, em cima dele havia uma balança com vários pesos para vender os produtos a granel, atrás um estante com as mercadorias.

Ali naquele mediano espaço vendia arroz, feijão, farinha, mandioca, banana, tudo no peso, além de outros produtos do dia a dia, como a venda dele em Leverger, tinha outras tantas que atendiam as famílias levergenses.

Lá perto tinha a pensão do Sr. Rubens, que junto com a Pensão de Dona Batica eram as duas de Leverger de Antigamente, uma manhã, o Sr. Rubens pediu a sua filha caçula, a menina Elza Helena, a “Elzinha” ir comprar na venda de “Manecão”, para comprar o “invisível”.

Ele pediu para comprar no Manecão, vejam bem o Tio Maneco, não aceitava assim ser chamado, porém, a “Elzinha” não sabia disso, ouviu seu pai atentamente, e se dirigiu para a venda do Tio Maneco.

É bom lembrar, que “invisível” antigamente, era assim chamado os grampos de cabelos, aqueles que prendiam os cabelos femininos, invisível, por quê quando colocados sumiam nos cabelos.

Lá chegando, encostou no balcão e falou em voz alta, chamando Tio Maneco, que estava lá atrás de sua casa : “Seo Manecão”, “Seo Manecão”.

Quando Tio Maneco ouviu o chamado, se dirigiu para a frente por um corredor da casa, dava para ouvir sua sandália raspando no chão, ele chegou e encostou no balcão do lado de dentro e disse :
Pois não !

A Elzinha falou : “Seo Manecão”, tem invisível aí?

Tio Maneco retrucou : Invisível é coisa do outro mundo, coisa que não se vê.
E emendou : Maneco sou Eu, cão é a PQP.

A menina Elzinha, ali mesmo se espantou e corou o rosto de vergonha, pois não sabia o porquê daquele tratamento, saiu rapidamente deixando até às moedas em cima do balcão e voltou para a pensão do seu pai.

Lá chegando, o Sr. Rubens, a vendo assustada e sem o invisível , perguntou, o que foi?

Ele disse que Seo Manecão tinha lhe xingado.

Sr. Rubens falou:  Mas você chamou ele de Manecão na cara dele? disse, isso o irritou.

Elzinha disse: Mas foi o senhor que falou para mim Manecão,

Sr. Rubens disse: Pelas costas dele minha filha, nunca na frente, ele não aceita ser chamado assim.

Foi quando a Elzinha entendeu, o que havia acontecido.

Leverger tem histórias.

Por Celso Bicudo
Fotos: Reprodução
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